22 de out. de 2010

Lar de idosos em Angola

Do carro, li rapidamente: Lar de Idosos. Não deu tempo sequer de dizer o que é aquilo? Tomei um susto numa rua do interior angolano. Sempre li que "na África", como se "a África" fosse uma coisa só, os idosos são acolhidos pelas famílias e que não há possibilidade de ficarem em instituições. Se não tem família, tem a comunidade para apoiá-lo. O choque, natural, resultou em um debate sobre a representação social e midiática da "África" e aquele pequeno pedaço do continente que fui aos poucos conhecendo. Estava em Angola, creio que numa aldeia perto da cidade do Huambo, e lá, naquele pedaço da vastidão, tinha um lugar para idosos. Meu amigo angolano sentenciou: "Se o idoso não tem família vai mesmo para esses locais. Senão, quem vai cuidar dele?". De volta ao Brasil, fui checar a info com minha colega Nadine, de Bissau, que reforçou que lugar de velhinho é em casa mesmo. Nadine até acredita que o fato de Angola ser um país maior, com uma série de problemas decorrentes da guerra e da pobreza, quem sabe essa mentalidade mais ocidental já tenha chegado por lá. Fiquei a pensar, como lá dizem. Sobre idealizações, imaginários e realidade. Sobre aquilo que nos dizem e o que queremos acreditar. E sobre aquilo que vemos e constatamos. Nada melhor do que um pé no chão para atualizar o chip.

15 de out. de 2010

Blogues de saúde

Blogues e promoção da saúde, de Rogério Santos, foi uma das leituras selecionadas para gerar um posto do blog. O autor mapeia o universo dos blogues e traça uma tipologia dos que estão ligados à saúde. Muito mais do que produtores de conteúdo, ora os blogs são referenciadores (reproduzindo textos de outras fontes) ou  sinaleiros (cujas páginas levam para outras). Essa atitude dos blogueiros indica que a agenda criada pela mídia é por eles seguida e não há uma agenda específica, com produção de conteúdo próprio. O autor destaca ainda que os blogues de saúde acabaram com uma "espécie de monopólio do saber" e, particularmente, propiciaram a democratização do saber.

22 de set. de 2010

Em boa companhia

Leonardo de Melo Salo, colega do mestrado, também foi ao evento no IFCS, e pudemos falar  sobre a vida e o envelhecimento. A pesquisa de Leonardo vai envolver idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência (ILPIs) e está ligada a um trabalho voluntário que ele faz como palhaço.  Na tarde de terça (22), a pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA, revelou que a nova terminologia foi criada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) para mudar o estigma relacionado com esses locais de viver e morar para idosos. O novo nome não foi suficiente para alterar a percepção negativa e, além disso, muitos deles continuam a ser denominados como asilos e lares. Ana Amélia apresentou levantamento sobre o tema feito em todo o Brasil e foi seguida  pela professora Clarice Peixoto, da UERJ, que relatou uma experiência vivida em dois abrigos, um público e outro privado, fazendo relações entre os dois. Essas, e as outras palestras, ainda vão virar posts no blog que, involuntariamente, não vai contar com a fala do professor José Carlos Rodrigues, da PUC-Rio. Rodrigues iria falar sobre Imagens e significados da morte no Ocidente, mas, doente, cancelou sua participação no evento.

Passado e futuro

Fiquei contente ao ver, de longe, o prédio do IFCS, na Praça Tiradentes. Que bom estar aqui, só o que pensei, e na entrada procurei conhecidos do ontem. Superada a escada, que tantas vezes subi, não só por ser bonita, mas pelo fato de o elevador estar permanentemente quebrado, deu aquela sensação de estranhamento. Quase 12 anos depois, voltei ao Salão Nobre do IFCS, local no qual defendi a minha dissertação de mestrado. Nela, falei sobre trajetórias de vida de militares, conversei com muitos deles, viajei para encontrá-los, mergulhei em arquivos, revi o passado e pude ser jornalista, historiadora, ou simplesmente uma pesquisadora buscando ouvir e entender os fatos. Lembrei dos momentos de caminhada, as conversas, muitas dúvidas, e a orientação segura da professora Anita, com a qual até hoje tenho contato. A vida passou num segundo, pensei comigo mesma, e mudanças ocorreram, não só físicas. O prédio continua precisando de manutenção, a biblioteca, de reparos, as paredes do último andar bem poderiam ser pintadas... O café funciona de vento em popa., luxo que não tinha na minha época. Entrei no Salão e olhei para os detalhes: o teto, as cores, o mesmo zumbido do ventilador, indo e vindo. Estranho isso. Passou rápido mesmo, como passa rápido a vida. Em dois dias de seminário, esse tempo que se esvai e que provoca mudanças nos corpos e pede novos enfrentamentos pessoais e sociais, marcou os debates trazidos pelas pesquisas apresentadas. O que fazer? Como se preparar para a transição demográfica que fará desse um país de cabelos brancos? Quais impactos serão sentidos na saúde, na assistência social, na vida cotidiana? Sem respostas concretas, como iriam dizer vários dos palestrantes. Foram dois dias bons, de novos aprendizados, mais três livros comprados e muitas recordações. Congelando o tempo, e graças à tecnologia digital, o passado só volta na foto em P&B. De resto, a gente se move e a vida, anda.
 

8 de set. de 2010

Corpo, Envelhecimento e Felicidade

O seminário Envelhecimento, Corpo e Felicidade, que acontece no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, na segunda (20/09) e terça (21/09), é, como diz o ditado, sopa no mel. Primeiro, vou pelo lado acadêmico. O evento vai ser importante já que vai mostrar a produção acadêmica multidisciplinar sobre o tema e pensar sobre diferentes aspectos relacionados ao envelhecimento, como diferenças de gênero, relações entre as gerações, mudanças no comportamento, demandas cotidianas e estilos de vida.  Ok, embora a minha vida de pesquisadora ainda esteja um tanto quanto indefinida, faz parte da busca continuar navegando, não é mesmo? Com exceção de Renato Veras, Ana Amélia Camarano e José Carlos Rodrigues, no seminário estarão nomes que eu conheço apenas de tantos livros, como Mirian Goldenberg, Myriam Lins de Barros, Guita Debert, Andrea Moraes Alves e Clarice Peixoto, o que torna o encontro mais saboroso ainda. Pelo lado pessoal, vou ao Salão Nobre do IFCS, local no qual que defendi minha dissertação de mestrado, há quase 12 anos. Quero me ver lá. Portanto, já está na agenda.

3 de set. de 2010

Dispositivos de visibilidade

A mestranda Marina Maria e o doutorando Adriano De Lavor, meus colegas de turma, vão tratar em seus projetos de questões relacionadas com a visibilidade. Aqui pelo meu lado, acompanho com interesse o trabalho da professora Fernanda Bruno, da UFRJ, e coodenadora do CiberIDEA: Núcleo de pesquisa em tecnologias da comunicação, cultura e subjetividade. Pelo blog de Fernanda, senti que será necessário conhecer um pouco mais sobre formas de monitoramento e rastreamento de dados sobre indivíduos, hábitos, interesses e comportamentos a fim de melhor entender as relações entre os habitantes do ciberespaço e de redes sociais.

No blog, vi também um post que me levou ao Midia Lab, dirigido por Bruno Latour e Dominique Boullier, laboratório de mídias digitais voltado para os meios de comunicação e de produção de dados engendrados pelas novas tecnologias de informação e de comunicação (NTICs). Darei uma olhada bem cuidadosa, pois acho que podem surgir boas abordagens para o projeto.

2 de set. de 2010

Orkut no Fazendo Gênero

Por sugestão da colega Marina Maria, vou listar alguns trabalhos que foram apresentados no evento Fazendo Gênero. Marina, pela ABIA, e Bruno Dallacort Zilli (CLAM/UERJ) apresentaram Do Orkut ao Leskut: prazeres e perigos da sexualidade em comunidades virtuais no contexto de regulação da Internet. Além deste trabalho, vi também Corpo ciborgue e as marcas de gênero no Orkut: lugar de mulher é no tanque?, de Shirlei Rezende Sales (UFMG) e Marlucy Alves Paraíso (UFMG) e de Marina Gomes Coelho de Souza (UFSC), intitulado Produção de subjetividade e internet: o orkut como instrumento de análise da subjetivação contemporânea. Já na lista de coisas a fazer.

31 de ago. de 2010

A Internet é copyleft

A Rede, informação indispensável para quem mexe com internet com olhar social e pensando no desenvolvimento comunitário, traz o quarto artigo escrito por Alan Lazalde para o blog espanhol Bitelia, em que ele faz uma "revisão da história da internet e das ideias libertárias que a sustentam".  Todos os artigos estão com tradução livre no site da revista.

25 de ago. de 2010

A internet numa tira

De 1962 a 2009, infográfico mostra a história da internet. Como começou, os primeiros pulos e depois saltos que mudaram a forma de o mundo moderno se comunicar.

1 de jul. de 2010

Tv e cultura de convergência

Henry Jenkins, autor de Cultura da Convergência, coordena o Programa de Estudos de Mídia Comparada do Massachusets Instituct of Tecnology (MIT). Seu trabalho investiga a relação entre as midias, a mídia e a cultura popular. Numa entrevista para o jornal O Globo, ele fala sobre as mudanças provocadas por um período prolongado de transição de mídias.  E da distância que separa ainda mais a escola da nova produção colaborativa, com forte impacto no mundo dos adolescentes.

15 de jun. de 2010

O envelhecimento como doença

O alerta sobre Sefoia, uma "enfermidade" já diagnosticada e com sintomas definidos, mas ainda sem aceitação da classe médica, anda circulando na web. O texto diz que "milhões de pessoas em todo mundo padecem deste mal e esperam a aprovação da Organização Mundial de Saúde para que se estude e se encontre a cura para esta mortal enfermidade que, cada dia, é adquirida por milhares de pessoas".  Alguns sintomas definem o aparecimento desta nova patologia:
  1. Café que provoca insônia;
  2. Cerveja leva direto ao banheiro;
  3. Se tudo parece muito caro;
  4. Se qualquer coisa altera a pessoa;
  5. Se todo pequeno excesso alimentar provoca aumento de peso;
  6. Se a feijoada "cai" como chumbo no estômago;
  7. Se o sal sobe a pressão arterial;
  8. Se em uma festa a escolha da mesa é a mais distante possível da música e das pessoas;
  9. Se o amarrar os sapatos produz dor nos quadris;
  10. Se a TV provoca sono.
Faça os cálculos e veja então se a Sefoia já o atingiu. Ou seja, Se-foi-a-juventude! Por trás da brincadeira e do texto jocoso, é disseminada a ideia do envelhecimento como uma patologia, mortal enfermidade, doença e/ou mal incurável. O uso das palavras não é gratuito e expressa também o sentimento de impotência diante das mudanças naturais da vida, que contempla o envelhecimento como uma de suas fases. Como os "sintomas" descritos não são exclusivos e podem, ou não, ser diagnosticados em pessoas com mais ou menos de 60, a piada embute pré-conceitos sobre a velhice e o envelhecimento. Pois, e afinal, limitações ocorrem em qualquer fase da vida.


Escutando a violência contra a pessoa idosa

Digno de registro: hoje, 15/06, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Violência à Pessoa Idosa. A violência existe e ganha cada vez mais corpo na sociedade. Em especial, nos espaços privados das famílias e instituições. Por isso, quanto mais idosos interagindo com o espaço extra-muros dos lares, melhor. Mais idosos nas ruas, nas praças e na vida dando vez e voz as suas questões e problemas.